Tagged: palmeiras

Amaral, uma carreira de beleza

Por Luiz Felipe Santos

Há jogadores que, só de pensar, você já consegue abrir um sorriso. Há o protagonista de frases folclóricas, o eterno brincalhão, ou o cara que sempre apareceu com aquela alegria estampada no rosto. A verdade é que Alexandre da Silva Mariano é, com certeza, uma dessas personagens. Ainda não sacou quem é?  Então olhe bem essa bela foto:

Ele mesmo! O grande Amaral, o coveiro!

Um dos jogadores mais carismáticos que já surgiu no futebol nacional, Amaral carrega o apelido pelo fato de ter trabalhado enterrando defuntos antes de se profissionalizar.

O volante, revelado pelo Palmeiras, passou a ganhar destaque em 1995 quando foi convocado pela primeira vez para a Seleção Olímpica. Nascido com uma ptose palpebral, razão do olho direito levemente caído, ele aproveitou o embalo do Palmeiras campeão paulista e agarrou a oportunidade de disputar uma Olimpíada – o que lhe rendeu uma primeira experiência no mercado internacional, pelo Parma.

Neste mesmo período, o nosso querido coveiro foi capa da revista Placar do mês de Maio de 1996. Lá falou um pouco sobre assuntos tristes, e também, como ótimo contador de histórias que sempre foi, sobre fatos engraçados que já havia presenciado no futebol.

Muita gente não sabe, mas enquanto tinha apenas quatro anos de idade, sua mãe, Dona Rosária, subiu em cima de um penhasco com o menino nos braços e ficou a um passo de por fim a tudo. Ao olhar para o garoto, e perceber o olho diferente, imaginou que havia ali um garoto especial, que ela poderia levar fé. Ela desistiu da morte.

Fato é que Dona Rosária tomou a decisão certa. Se não fosse por isso, nunca veríamos o volante dar o sangue por grandes clubes como Palmeiras, Vasco e Corinthians – mesmo convivendo com o famoso elástico do Romário como um estigma.

Além disso, não saberíamos jamais que, num jogo contra o Nagoya, Amaral causou o desespero de um zagueiro que lhe acertou uma cotovelada. O motivo? O japonês pensou ter causado o olho caído.

O coveiro é inquieto. Quando todos nós dávamos sua carreira como encerrada, o nosso volante reaparece, aos 40 anos, jogando o fino da bola no amistoso de despedida do goleiro Marcos. A atuação lhe rendeu dois momentos de decepção.

Contratado pelo Poços de Caldas (MG), Amaral se disse enganado pelos empresários que o levaram ao clube. Segundo ele, foi prometido um contrato cujo não conseguiriam ter verba para o pagar. Dias depois, o Itumbiara (GO) o buscou e fechou contrato. Mais uma decepção. Após 19 dias e um jogo feito, a diretoria o demitiu. Sempre carismático, Amaral brincou com a situação. “Não pensei o que vou fazer não, vou trabalhar no ‘Pé na Cova’, já que eu trabalhei em funerária. O Miguel Falabella já me ligou e falou: ‘vem para cá’. Agora eu vou”, disse, brincalhão, fazendo alusão ao seriado da Rede Globo.

E assim segue o incansável Amaral. Desde 1995 com o mesmo carisma, bom humor, força de vontade e, acima de tudo, amor ao futebol.

Mesa Quadrada #2 – Edição Linha Reta

 

Cá está o nosso segundo podcast gravado, porém o nosso primeiro podcast oficial. Antes dele gravamos um piloto, o qual disponibilizamos só para nosso amigos ouvirem e opinarem se essa ideia realmente tinha alguma chance de dar certo. As opiniões foram favoráveis (mesmo que não fossem, a gente não estaria nem aí, haha) e estamos, dessa forma, lançando, oficialmente o Mesa Quadrada.

Apertem o play e confiram as opiniões mais deturpadas, insanas e imparciais da internet brasileira sobre o esporte bretão! Enjoy!

 

 

(se você for meio louco como a gente e realmente gostou disso tudo, pode xeretar também o piloto nesse link: http://snd.sc/YGxZtv).

Análise do mercado: paulistas


Por Luiz Felipe Santos

Corinthians

Quem saiu: Weldinho (lateral direito, Palmeiras), Elton (atacante, Náutico), Wallace (zagueiro, Flamengo), Luis Ramirez (meia, Ponte Preta), Juan Martínez (atacante, Boca Juniors), Vitor Junior (meia, Internacional), Chiquinho (meia, Ponte Preta) e Anderson Polga (zagueiro, sem clube).

Quem chegou: Gil (zagueiro, Valenciennes), Renato Augusto (meia, Bayer Leverkusen) e Alexandre Pato (atacante, Milan).

Sondados: Dedé (zagueiro, Vasco), Alan Kardec (atacante, Benfica) e Viatri (atacante, Boca Juniors)

Time-base (4-2-3-1): Cássio, Alessandro, Fábio Santos, Paulo André e Chicão; Ralf, Paulinho; Emerson, Danilo e Jorge Henrique; Alexandre Pato (Paolo Guerrero).

O Corinthians começa o ano com a mesma base vencedora de 2012, mas com uma dúvida: como Alexandre Pato será encaixado no time? Pois é. A (ótima) dor de cabeça do técnico Tite será o principal dilema do Corinthians nessa temporada.

É da ciência de todos que, com o técnico campeão do mundo, todos devem pressionar a marcação do time adversário para roubar a bola no campo de ataque e se aproveitar dos espaços livres. Nos primeiros jogos do campeonato paulista, em que todos os jogadores estiveram à disposição, Tite iniciou as partidas com Guerrero de titular. O peruano não decepcionou e marcou 3 gols nos 3 jogos que disputou, todos de cabeça. Nesses jogos, sempre que Alexandre Pato entrou, foi para ocupar a vaga de Guerrero, o que sinaliza que os dois devem disputar posição.

Soma-se a dor de cabeça o reforço de Renato Augusto, que se torna a nova sombra de Danilo e Jorge Henrique, junto de Douglas por uma vaga no meio.

O que pode dar errado: Caso Tite entre no oba-oba da torcida e coloque Pato antes de existir uma certeza de esquema tático, pode ser que as cosias possam dar errado. O jogador revelado pelo Inter de Porto Alegre não é famoso por ser um jogador esforçado quando entra em campo, o que não é algo bem-vindo no estilo de jogo do Corinthians, que sempre busca pressionar a defesa adversária. Para ter sucesso, Tite terá de colocar esta filosofia de jogo na cabeça do jogador, e, para isso, precisará se distanciar das pressões para colocá-lo.

São Paulo

Quem saiu: Paulo Assunção (volante, Deportivo La Coruña), Willian José (atacante, Grêmio) e Cícero (meia, Santos) e Casemiro (volante, Real Madrid B).

Quem chegou: Wallyson (atacante, Cruzeiro), Aloísio (atacante, Figueirense), Lúcio (zagueiro, Juventus), Thiago Carleto (lateral, Fluminense) e Negueba (atacante, Flamengo).

Sondados: Lucas Marques (lateral, Botafogo) e Fabrício (lateral, Internacional)

Time-base: (4-2-3-1): Rogério Ceni, Cortês, Rhodolfo, Lúcio, Paulo Miranda; Denilson, Wellington; Osvaldo, Jadson, PH Ganso (Aloísio/Douglas); Luís Fabiano.

O São Paulo de 2013 começa fortalecido pelo título da Sul-Americana e pela melhor campanha no segundo turno do Campeonato Brasileiro. Após a chegada de Ney Franco o time ganhou uma cara e por meio dela os resultados vieram. O esquema utilizado para o sucesso obtido foi o 4-2-3-1 mostrado acima, que tinha Lucas pelo lado direito. Com a sua saída o treinador passa a ter um grande problema para este ano, já que a negociação com Vargas, jogador com características mais parecidas com a do antigo meia tricolor não obteve sucesso. Negueba, uma das opções para o setor, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito e ficará fora dos gramados por até 6 meses. Wallyson, ex cruzeiro, poderá ser uma das opções, porém ainda não adquiriu a melhor forma física e não fez nenhum jogo na temporada atual. Aloísio, no seu primeiro jogo, atuou aberto pelo lado direito contra o fraco Bolívar no Morumbi pela pré-libertadores, e teve um desempenho bastante satisfatório. Para o setor defensivo a chegada do experiente e vencedor Lúcio parece ser uma ótima opção para o torneio continental. Ney, sensato que é, preferiu manter Rhodolfo como seu parceiro de zaga, já que o mesmo está habituado a jogar do lado esquerdo.

O que pode dar errado: A pressão para a entrada do meia Paulo Henrique Ganso já foi mais forte. Era (e ainda acredito que é) objetivo de Ney Franco colocá-lo como titular da equipe junto com o meia Jádson, formando o setor ofensivo com Osvaldo e Luís Fabiano. Porém, todas as tentativas de inclusão do ex-meia santista foram falhas. Primeiro com Jádson fazendo o lado direito, depois jogando no 4-4-2 clássico, e por fim com Ganso aberto na esquerda. Em todas as formações ele não obteve um bom desempenho. A qualidade técnica é notória a cada vez que toca na bola, mas a falta de mobilidade e a lentidão passam uma ideia de pouca ambição. O campeonato paulista será o laboratório para o técnico continuar a testar as alternativas para Ganso ser titular, mas sabemos que depende muito mais dele do que de qualquer esquema tático.

Santos

Quem saiu: Adriano (volante, Grêmio), Fábio Costa (goleiro, São Caetano), Geuvânio (atacante, Penapolense), Bruno Rodrigo (zagueiro, Cruzeiro), David Braz (zagueiro, Vitória), Henrique (volante, Cruzeiro), Gerson Magrão (meia, Figueirense), Anderson Carvalho (volante, Penapolense), Éwerton Páscoa (zagueiro, Criciúma), Crystian (lateral, Botafogo-SP)

Quem chegou: Marcos Assunção (meia, sem clube), Montillo (meia, Cruzeiro), Cícero (meia, São Paulo), Guilherme Santos (lateral, Figueirense) Neto (zagueiro, Guarani), Pinga (meia, Al Dharafa) e Renê Junior (meia, Ponte Preta).

Sondados: Hugo (meia, Sport), Dátolo (meia, Internacional), Cleiton Xavier (meia, Metalist), Viatri (atacante, Boca Juniors), Rodriguinho (meia, América-MG).

Time-base: (4-2-3-1): Rafael, Bruno Peres, Edu Dracena, Durval, Guilherme Santos; Arouca, Marcos Assunção; Cícero (Felipe Anderson), Montillo, Neymar; Miralles (André)

É impossível ver no Santos novidade maior que Montillo. Por mais clichê que isso já tenha se tornado, o argentino era, sim, o jogador que faltava para dividir as responsabilidades com Neymar na armação de jogadas do time santista. E isso, obviamente, não quer dizer que a maior estrela do futebol brasileiro será ofuscada, mas a verdade é que o garoto, desde a bruta queda de rendimento de Paulo Henrique Ganso, vinha fazendo milagre no fraco time que ficou apenas com a oitava colocação no campeonato brasileiro.

Os reforços de Marcos Assunção e Cícero contribuem para dar mais técnica e experiência que faltavam quando o voluntarioso Adriano e o garoto Patito Rodríguez ocupavam a posição. Com eles o Santos deixará de ser um time de correria, e se tornará um time mais equilibrado, que ainda terá velocidade nos pés de Montillo, Neymar e Arouca, mas saberá se comportar quando não houver necessidade de acelerar a partida.

O que pode dar errado: A saída de Adriano para o Grêmio abriu uma vaga de volante no time titular do Santos que deve ser ocupada por Marcos Assunção. A diferença de características dos dois jogadores é gritante. Enquanto Adriano é quase um terceiro zagueiro que se preocupa apenas em marcar; Marcos Assunção tem 38 anos e passa longe de ter a vitalidade do jogador que ocupava a sua posição. O Santos ganha em qualidade técnica e em bolas paradas, mas perde em força física e poder de marcação. Tudo indica que Arouca será o sacrificado do esquema.

Palmeiras

Quem saiu: Barcos (atacante, Grêmio), Luan (atacante, Cruzeiro), Tinga (meia, Figueirense), Marcos Assunção (meia), Tadeu (atacante, União Barbarense), João Vitor (volante, Criciúma), Correa (volante, Portuguesa), Luis Felipe (atacante, União Barbarensa), Román (zagueiro, LDU), Daniel Carvalho (meia), Obina (atacante), Leandro (lateral), Betinho (atacante), Thiago Heleno (zagueiro).

Quem chegou: Vilson (zagueiro, Grêmio), Weldinho (lateral, Corinthians), Ronny (meia, Figueirense), Kléber (atacante, Porto), Marcelo Oliveira (meia, Cruzeiro), Charles (volante, Cruzeiro), Ayrton (lateral, Coritiba), Fernando Prass (goleiro, Vasco), Souza (volante, Náutico), Deola (goleiro, Vitória).

Sondados: Marcelo Moreno (atacante, Grêmio), Rondinelly (atacante, Grêmio), Marco Antônio (meia, Grêmio), Léo Gago (volante, Grêmio), Emerson (zagueiro, Coritiba).

Time-base: (4-2-3-1): Fernando Prass, Ayrton, Maurício Ramos (Vilson), Henrique, Juninho; Márcio Araújo, Wesley; Maikon Leite, Souza, Patrick Vieira; Kléber.

A diretoria é nova, mas mantém os erros. Paulo Nobre assumiu no começo do mês de fevereiro com o objetivo de fazer a torcida esquecer das administrações anteriores de Beluzzo e Tironi. Começou bem. Trouxe o renomado diretor de esportes José Carlos Brunoro, que foi um dos cabeças chefes da Era Parmalat e fez um bom negócio com o Cruzeiro dando Luan em troca de Charles e Marcelo Oliveira.

Com uma política de redução de custos, o próximo passo era negociar o ídolo da torcida Hernán Barcos. Um passo complicado a ser tomado. Com a proposta do Grêmio, a ideia era perfeita: o Palmeiras dava Barcos e ganhava Vilson, Marco Antônio, Léo Gago, Rondinelly, Marcelo Moreno e mais 2 milhões de reais. Só esqueceram de combinar com os jogadores gremistas. Dos cinco relacionados na transação, só Vilson veio.

A diretoria promete que as negociações com os jogadores gremistas continuam, mas enquanto isso o Verdão tem um time ainda nebuloso para os torneios do primeiro semestre. As boas notícias ficam por conta de Souza, que retornou de um empréstimo proveitoso junto ao Náutico; Patrick Vieira, jovem que causou boa impressão na reta final do Brasileirão; e Ayrton, lateral direito que se destacou pela bola parada no Coritiba, e será importante por conta da saída de Marcos Assunção.

O que pode dar errado: A nebulosidade em cima da diretoria, as incertezas de como o time se portará sem o seu melhor jogador e as dificuldades de se montar um time competitivo para os campeonatos do segundo semestre. O Palmeiras vive de dúvidas e, ao contrário de todos os grandes times paulistas, vive como uma granada sem pino que com qualquer movimento pode explodir.