‘Gaslight’: Leandro Lima fala sobre participação na última peça de Jô Soares

Texto de 1938 foi adaptado por Jô Soares antes de sua morte e deve estrear nesta sexta-feira (9).

Divulgação/Priscila Prade

🎭 O paraibano Leandro Lima estreia nesta sexta-feira (9) seu mais novo projeto no teatro com a peça ‘Gaslight – uma Relação Tóxica‘, a última de Jô Soares. Ao Jornal da Paraíba, o ator falou sobre o personagem, a relação com Jô e as expectativas para o trabalho.

Recentemente Leandro Lima interpretou Levi em Pantanal, novela das 9h da Globo. Aclamado pela participação na trama, o ator recebeu o convite para compor o elenco de Gaslight de uma diretora e amiga em comum de Jô Soares.

Ela (a diretora) me convidou pra fazer uma leitura teste pro Jô ouvir. A gente fez a leitura, deu super certo, mandou pro Jô e ele aprovou na hora. Ele até comentou ‘nunca tinha visto esse menino antes da novela, ele tá excelente pra esse papel, tem a masculinidade que a gente precisava’ e tal… Fiquei muito feliz”, relatou.

Apesar da troca de percepções sobre a atuação do paraibano, e de ter recebido a aprovação para participar da peça, Jô e Leandro não chegaram a trabalhar diretamente juntos. O apresentador, um dos maiores artistas do Brasil, morreu no início de agosto, em São Paulo.

Jô Soares e ‘Gaslight’

A peça Gaslight, que marca o último trabalho de Jô Soares, foi escrita em 1938, pelo dramaturgo inglês Patrick Hamilton. Em 1940, o texto foi apresentado na Broadway.

O apresentador brasileiro comprou os direitos autorais do texto, traduziu e adaptou a obra para trazê-la ao Brasil. A peça aborda temas como manipulação psicológica em um clima de mistério, e é nesse cenário que entra o investigador interpretado por Leandro Lima.

É o texto que originou a expressão gaslighting. Então aborda a manipulação psicológica, tem esse clima de mistério, trata um pouco da história da relação tóxica. O personagem que faço é o Ralf, um investigador que vem pra desvendar esse mistério”, explicou.

Fazem parte do elenco Érica Montanheiro, Giovani Tozi, Kéfera, Leandro Lima e Neusa Maria Faro. A peça marcaria a volta de Jô aos palcos como diretor, quatro anos após sua atuação e direção em “A Noite de 16 de Janeiro”.

GASLIGTH
Elenco de Gasligth. Divulgação/Priscila Prade

Preparação para a peça após a morte de Jô Soares

Leandro Lima relata que não conseguiu conversar com Jô Soares sobre a peça. Ele aguardava um ensaio programado para acontecer na casa de Jô quando soube de sua morte.

Infelizmente não deu tempo de eu ter contato com o Jô. A gente estava com um ensaio programado pra quando ele saísse do hospital, a gente ia ensaiar lá no teatro dele, na casa dele, mas acabou não acontecendo”, disse.

Depois da morte do artista, a equipe da peça decidiu continuar a preparação e manter o cronograma de apresentações.

Maurício Guilherme, que assumiu a direção da peça, era um dos melhores amigos do Jô e sabia o quanto era importante pra ele a gente continuar produzindo. Ele tomou a decisão da gente só parar um dia, no dia do velório, e depois fazer ‘exatamente como o Jô faria’, trabalhar e produzir, porque é isso que ele queria que a gente fizesse”, disse.

Ainda de acordo com Leandro, o elenco conhecia Jô, tinha uma história com ele e viveu o dia de sua morte como forma de homenagem. Foi “um dia triste”, mas importante para que todos entendessem a dimensão de Jô Soares e de sua obra.

A gente está fazendo essa peça pra ele. Sempre penso, ‘espero que José Eugênio esteja nos abençoando’. A gente sempre fala dele, então a peça é pra ele”, relatou.

Expectativas para o novo projeto

A peça vai entrar em cartaz a partir deste dia 9 de setembro, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, e deve permanecer no mesmo lugar até o primeiro fim de semana de novembro. Mas, segundo Leandro, o desejo da equipe é viajar pelo Brasil, inclusive à Paraíba, com o espetáculo.

Eu espero que a gente possa levar pra algum teatro em João Pessoa! Adoraria que fosse no Santa Roza, inclusive. Mas, depende de muitas variáveis. Queremos muito, mas não sabemos ainda se vai ser possível”, explicou.

O ator também falou sobre o papel que a peça teve em sua carreira. Em um momento em que precisa conciliar vários trabalhos, Leandro Lima usou o projeto como “norte” para organizar a rotina e desenvolver mais foco.

Agradeço por essa peça ter aparecido. Me norteou, de certa forma, me colocou no foco que eu precisava, e também me trouxe uma consistência”, disse.

Por fim, o paraibano convidou a todos que puderem prestigiar Gaslight em São Paulo e em outros lugares que a peça venha a passar.

Estou muito feliz e queria compartilhar essa felicidade com as pessoas que vão assistir. Tenho certeza que as pessoas vão gostar e se divertir. [A peça] é feita como o Jô queria: pra plateia, e não para os críticos. Então, vale muito a pena conferir”, finalizou.